HISTÓRIA DE TODOS NÓS - publicação da versão final, completa e corrigida

Estava uma bela manhã de Verão, pelo menos em Lisboa, onde se encontravam o Tiago e a Raquel. Os dois irmãos estavam muito apressados pois, finalmente, tinha chegado o grande dia! Iam passar férias para casa dos avós que, por sorte, viviam na Praia da Tocha. Durante a viagem, a conversa decorria muito animada, só a Raquel não parecia muito entusiasmada. Baixinho, confessou ao irmão que tinha pena dos pais não poderem passar as férias com eles.
- Anima-te, mana, aposto que nos vamos divertir! – disse o Tiago para sossegar a irmã mais nova. Entretanto, os dois adormeceram e, quando acordaram, estavam diante de um mar imenso… A bandeira estava amarela e, como não podiam dar um mergulho, dirigiram-se para casa dos avós. Mal sabiam que os esperava uma surpresa fantástica: os primos, Melissa e André, tinham vindo do Luxemburgo para visitar os avós. Eram gémeos e, se não fossem as longas tranças com laçarotes da menina, nada parecia distingui-los.
- E se fôssemos dar um passeio, enquanto a avó prepara o almoço? – propôs o André.-Boa ideia! – disseram os primos em coro.
À medida que caminhavam pela beira-mar, iam ficando cada vez mais fascinados. De um lado, as dunas branquinhas onde apetecia rebolar e, do outro, os salpicos frescos das ondas... Enquanto chapinhavam na imensidão do areal, iam recolhendo conchas e pedrinhas, maravilhosas como tesouros!
Regressaram mesmo na hora de ir para a mesa.
- Hum!... Que cheirinho! Estamos esfomeados! – exclamaram os primos.
À tarde, na hora de maior calor, aproveitaram para procurar pinhas na floresta que ficava nas traseiras da casa.
No meio das acácias e pinheiros encurvados pelo vento, pareceu-lhes ouvir uns latidos. Aproximaram-se e, entre os arbustos, encontraram uma cadelinha abandonada. Tinha o pêlo macio, amarelo dourado como o Sol, e uns olhos tão brilhantes que mais pareciam estrelas em noite de luar!
- Que bonita! – exclamaram as meninas.
- Ficamos com ela, concordam? – perguntou o Tiago.
- Claro! E vamos chamar-lhe «Estrela»! – Concluiu o André.
Nessa noite, de tão cansados, dormiram como pedras, embalados pelo barulho do mar. Na manhã seguinte, os quatro primos acordaram entusiasmados com a ideia de irem brincar com a Estrela para a praia. Saltaram da cama, correram para a janela e…
Foi a desilusão total!
- Que azar! Está um nevoeiro cerrado! – disse a Melissa, desapontada.
- Temos que arranjar outro programa divertido! – exclamou o Tiago.
- E se fôssemos fazer bolas de sabão? – propôs o André, já animado.
- Boa! – gritaram os outros, entusiasmados.
Já no terraço, foi uma explosão de alegria! Enquanto os primos se esforçavam para ver quem conseguia fazer bolas maiores, a Estrela divertia-se a tentar rebentá-las.
De repente, no meio de tantas bolas, houve uma que não rebentou. Pelo contrário, cresceu tanto, tanto, tanto, que ficou gigante e ganhou vida própria.
Um a um, os amigos sentiram-se como que sugados por qualquer coisa estranha… Era a bola de sabão! Era mágica!
Todos sentiram um ar misterioso a envolvê-los. A cadela de olhos arregalados recuou… mas, de súbito, começou a ladrar com toda a força.
Os avós, ao ouvir a Estrela a ladrar tanto, foram ver o motivo de tanto chinfrim.A bola de sabão ouviu o barulho dos passos dos avós, porque tinha o sentido da audição muito apurado e, imediatamente, desapareceu no nevoeiro.
Quando os avós chegaram ao terraço, apenas viram os netos e a cadelita que não parava de ladrar.
- O que se passa? – perguntou a avó.
- Que barulheira logo de manhã! – exclamou o avô.
- Não é nada, só estamos a brincar com a Estrela. – disseram os meninos.Os avós sentiram algo de estranho e ficaram um pouco desconfiados quanto à resposta das crianças.
A avó que conhecia bem os netos percebeu, logo, que eles estavam a esconder alguma coisa.
- Bem… vamos embora que eles querem brincar. – disse a avó, piscando o olho ao avô.
Saíram e esconderam-se para descobrir as peripécias em que os netos andavam metidos.
A bola de sabão, não vendo ninguém, regressou e falou para os meninos:
- Eu sou uma bola de sabão mágica e chamo-me Saltitona.
- Ah! Mas, mas…tu falas!? - Os meninos nem queriam acreditar que tinham ali uma bola mágica.
A bola riu-se e perguntou-lhes:
- Amiguinhos gostam de aventuras?
- Sim. Gostamos muito. – responderam os meninos .
- Então, se querem conhecer o mundo ou viajar até ao passado, venham comigo.
- Mas como? Perguntaram, já entusiasmados, os meninos.
- É só entrarem e dizerem para onde querem ir.
Os avós ao ouvirem isto ficaram preocupados e apareceram …
- Mas que se passa aqui? – as palavras da avó ecoaram pelo nevoeiro, num misto de preocupação e curiosidade. Nesse instante, todos os olhos se voltaram para ela… Tiago, Raquel, André e Melissa nada conseguiam dizer, submersos no mesmo medo: seria este o fim da aventura?
Um delicado roçar contra o mosaico liso do chão quebrou aquele silêncio demorado: a bola Saltitona rodava, lenta e compassadamente, levantando uma brisa leve e com um aroma especial… Cheirava a morango e baunilha! Estrela enterrava o nariz entre as patas e voltava a espreitar, tentando escapar àquele perfume que os seus amigos tanto pareciam gostar. Não eram os únicos… a avó parecia estar enfeitiçada por aquele cheirinho e por aquela bola de sabão, tão grande e reluzente, que se arrastava na sua direcção. Olhava-a fixamente, intrigada e ansiosa por lhe tocar.
Então, a bola mágica parou de rodar a escassos dois passos da avó. André foi o primeiro a perceber o que a avó estava a sentir, por isso, não estranhou ao vê-la esticar o braço com confiança e tocar na bola Saltitona.
- Parece espuma! É tão fofa! Como é possível? – dizia a avó sorridente.
Nisto o avô deu um passo em frente, receoso.
Toda a vida tinha sido um homem trabalhador e os anos como pescador e nas oficinas a cuidar da madeira envelhecida dos barcos pareciam ter-lhe enrugado não só as suas mãos fortes e ásperas, mas também o sonho. O avô já não acreditava no mesmo mundo mágico com que Tiago, Raquel, André, Melissa e até a avó sonhavam. Na verdade, não se lembrava quando tinha deixado de o fazer… Se é que algum dia teria sonhado… Mal ele sabia o que este dia lhe reservava!
- Não… - foi a única palavra que o avô teve tempo de dizer enquanto entrelaçava a sua mão na da avó, tentado puxá-la para si.
Nesse instante, um corrupio de acontecimentos surpreendeu todos: um intenso raio de sol abriu espaço por entre o nevoeiro triste e cinzento, e acertou em cheio na face translúcida da bola Saltitona! O raio de sol e a bola Saltitona pareciam brincar, alheios aos espectadores que contemplavam aquele espectáculo, fascinados. A bola de sabão rodopiava, subindo e descendo no ar, enquanto aquele raio de sol deixava um rasto doirado ao girar em torno dela.
- Está a pintá-la! – disse Raquel às gargalhadas, cujo riso se confundia com o da própria bola Saltitona.
A bola de sabão mágica já não era mais translúcida, mas de mil cores!
- Tão linda!... – exclamou André.
Estrela também parecia fascinada e, num pulo, começou a correr desenfreada em direcção à bola…
-Não! Vais rebentá-la! – gritaram as crianças em coro.
Era tarde demais… Estrela avançava veloz, não ouvia ninguém, até que…
- Ah! – A avó, o avô, o Tiago, a Raquel, o André e a Melissa não contiveram os sorrisos! - Estrela tinha penetrado a bola Saltitona e pairava agora dentro dela, levitando no ar enquanto agitava a cauda de contente. A avó e as crianças entreolharam-se com sorrisos matreiros. O avô, incrédulo com tudo o que via, nada conseguia dizer ou fazer. Com passos ansiosos, os cinco correram em direcção àquela misteriosa bola mágica que parecia ter engolido Estrela. Rodearam-na e deram as mãos. A avó foi a primeira a esticar o pé para dentro da bola Saltitona. Nisto, sorriu outra vez e mergulhou! As suas mãos, com confiança e ânsia, puxaram as de Tiago e Raquel que estavam ao seu lado e, por último Melissa e André. Estavam agora os cinco com Estrela dentro da bola Saltitona, e flutuavam…
- Ahahahahahahahah…! - os seus risos misturavam-se e ecoavam no ar…
- Mas…? Como é possível? Não pode ser!…. – o avô baloiçava na alegria das gargalhadas quentes das crianças e da avó e, ao mesmo tempo, na frieza do terraço, que o trazia de volta a uma realidade triste, sem espaço para a magia de acreditar…
Mas eram tão quentes, tão apetecíveis aqueles risos…!
- Anda avô! – diziam Melissa e André.
- Sim, vem avô! – exclamavam os restantes.
Puxado pelas palavras e gargalhadas o avô deu um passo em frente. Começou a caminhar, primeiro depressa, mas, à medida que se aproximava da bola Saltitona, cada vez mais devagar. O chão parecia querer retê-lo, o avô duvidava outra vez…
- Mas é impossível! Não pode ser… – murmurava ele.
Então, a bola Saltitona começou a subir mais, e mais - as desconfianças do avô afastavam-na…
- Oh avô vem! Não tenhas medo! É tão bonito aqui! Anda avô! – gritavam as crianças em coro.
- Anda avô, vem sonhar connosco…! – a avó falava baixinho, como quem conta um segredo, e sorria.
Então o avô acreditou!
Num pulo cheio de força e vontade esticou o braço, e com a ponta dos dedos tocou na bola de sabão multicolor. Tiago, Melissa, André e Raquel equilibraram-se com os pés e com as mãos contra as paredes da bola de sabão e, ao mesmo tempo, perfuraram-na com os braços; o avô agarrou aquelas mãos abertas, prontas para o puxar.
O avô entrou na bola Saltitona!
Ela rodou sobre si, estava feliz! Elevou-se no céu na largura de uma coluna de raios de sol que só a iluminava a ela. Subia, subia, subia cada vez mais alto e o céu ganhava um azul cada vez mais forte, só com uma nuvem branquinha aqui ou ali, como algodão doce!
- Aaah… como é bonito isto cá em cima! – exclamou o avô sorridente.
- E ainda não viram nada! – disse a bola Salitona.
- Pois eu quero ver mais, quero mais deste mundo maravilhoso! – exclamou André entusiasmado.
- Sim! - todos concordavam.
Estava então decidido até onde a bola Saltitona os iria levar… ao mundo onde nunca ninguém se cansa de sonhar, ao mundo mágico do arco-íris!

A viagem foi longa mas valeu a pena. Quando chegaram ao Mundo mágico do Arco-íris, ficaram fascinados com tanta alegria e cor.
A Melissa dizia: - Que bonito jardim! Que maravilhosas e cheirosas flores.
A família não sabia o que a esperava.
Era um mundo realmente fantástico. Nele podia-se fazer muitas actividades, incluindo pescar, dançar, e brincar…
Depois de uma longa caminhada ouviram um pequeno choro, atrás de um grande arbusto. Foram ver o que se passava. Era o anão do pote de ouro do arco-íris…
- O que se passa? – perguntou o André. - Estás bem?
- Sim, mas perdi uma das minhas luvas mágicas - respondeu o anão.
- Nós ajudamos-te, anão. – responderam os primos.
Passaram por jardins, hortas, casas e pessoas felizes. Passaram muitas horas e finalmente, encontraram a luva.
- Muito obrigado. Não sabem o que esta luva significa para mim. Gostaria de vos agradecer a ajuda que me deram. Posso fazer alguma coisa por vocês? – sugeriu o anão.
Os primos pediram:
- Podemos ver o arco-íris?
- Claro que sim. – respondeu prontamente o anão.
E num estalar de dedos apareceu o arco-íris com as suas sete cores maravilhosas.
Era muito melhor do que poderiam imaginar. Era lindo!
- Visto da Terra não tem esta beleza. - pensou a Melissa.
- Sabem meninos que no inicio do arco-íris está um pote cheio de ouro. – informou o anão.
- É difícil alcançá-lo? – perguntou o Tiago.
- Não, é muito fácil. – respondeu o anão - mas há uma condição para o conseguirem. Têm de voltar à terra e guardar segredo durante um ano. No próximo Verão, esperem pela bola de sabão, entrem nela e quando voltarem cá irei dizer-vos como fazer. As crianças ficaram surpreendidas e ansiosas.
Entraram na bola Saltitona e voltaram para casa. Quando nessa noite, olhavam uns para os outros riam às gargalhas, felizes por terem vivido esta aventura.
No regresso à escola, as crianças recordavam esta aventura sempre que viam o arco-íris. Ansiavam com a chegada do Verão seguinte, para poderem viver a aventura da busca do pote de ouro.
Não foi fácil guardar segredo da fabulosa viagem ao mundo do arco-íris, mas a vontade de regressar a este lugar mágico falou mais alto, e, no fim do ano lectivo seguinte os quatro primos ansiavam pelas semanas que iriam passar na casa dos seus avós na Praia da Tocha.
Não puderam deixar, no entanto, de constatar que o arco-íris não voltou a aparecer no céu depois daquela aventura… em nenhuma parte do mundo. O que teria acontecido ao magnífico conjunto de sete cores que alegrava os dias mais cinzentos? Todos os meteorologistas indagavam acerca desta ausência e até já tinha sido tema de abertura de muitos noticiários! Os primos ansiavam pelo encontro com a bola Saltitona para deslindar este mistério… Só o anão guardião do pote de ouro do fim do arco-íris os poderia elucidar.
A avó tinha um magnífico lanche para receber os seus quatro netos.
- Temos de preparar as bolas de sabão! Nunca se sabe quando aparece a nossa amiga Saltitona! – dizia Tiago.
Cedo se precipitaram com os avós para o terraço onde brincava alegre a Estrela que latia e saltava com a iminente aventura.
Melissa começou a fazer bolas de sabão até que André eufórico reparou: - É a Saltitona! Olhem! Está a crescer!
No entanto, a bola de sabão mágica já não reflectia belas cores nem exalava exóticos e agradáveis odores. A sua aparência era triste e até a Estrela ficou cabisbaixa.
- Que se passa Saltitona? Não estás feliz pelo nosso reencontro? – perguntou a Raquel?
- Mmmm, parece-me que esta alteração está ligada ao desaparecimento do arco-íris….- sugeriu o avô, habituado que estava às dificuldades da vida.
- O vosso avô tem razão. – disse a bola de sabão. - Venho contar-vos da devastação no mundo que conheceram.
- O que aconteceu? – perguntaram, em coro, as crianças?
- Uma tragédia! Fomos enganados, o guardião do tesouro do arco-íris não é o anão que conheceram! Esse, é um patife que se fez passar pelo duende Ooopalumpa para conseguir a luva mágica que lhe faltava para poder roubar o pote de ouro que faz brilhar o arco-íris.
- E agora? – perguntaram atónitos os primos.
- Agora, tudo é tristeza nesse mundo! Tudo perdeu a cor e a alegria desapareceu. É preciso recuperar o pote de ouro e a luva mágica ou o arco-íris nunca mais alegrará o céu! Só vocês podem ajudar o nosso mundo mágico.
Ouvindo isto, os quatro primos logo pediram à bola de sabão para os levar até à cidade mágica.
Quando lá chegaram viram tudo acinzentado.
Então a bola levou-os ao sítio onde o pote de ouro desapareceu.
Lá encontraram um fio de ouro e prontamente lhe seguiram o rasto!
De repente formou-se um grande nevoeiro e agarraram-se ao fio para não se perderem. Como estava muito vento e com a força que os primos faziam para o segurar, este partiu-se.
Com a ajuda da bola de sabão mágica, conseguiram voar até uma grande gruta, escura e funda.
Os primos receavam que a gruta tivesse armadilhas, pois Ooopalumpa era dado a magias negras.
O Tiago lembrou-se que tinha uma lanterna para iluminar o caminho da gruta.
No final da gruta encontraram finalmente o pote mágico com o desenho do arco-íris, mas este estava vazio, pois o Ooopalumpa com os poderes mágicos da luva, já tinha levado o ouro do pote mágico das cores do arco-íris.
Quando se preparavam para sair, o André, sem querer, pisou um botão que fez cair um monte de pedras que bloquearam a saída da gruta.
- O que fazemos agora? – perguntou a Raquel preocupada.
- Para tudo há sempre uma solução, como diz a avó. – disse a Melissa a tentar animar os primos.
O André começou a chorar, pois era o mais novo.
Nesse preciso momento a lanterna apagou-se e ouviu-se um grito geral!
Então a bola mágica começou a brilhar e a gruta ficou de novo iluminada.
- Ups!... – disse uma voz estranha.
- Quem falou? – perguntou a Raquel.
- Não fui eu. – dizem os primos em coro.
- Então quem foi? – disse a Melissa.
- Se calhar está aqui mais alguém… - disse o Tiago.
E decidiram procurar de onde vinha aquela voz guiados pela luz da bola de sabão mágica. Seguiam em silêncio quando ouviram passos e viram uma sombra. Resolveram então segui-la, mas esta desapareceu e eles sentiram-se perdidos dentro da gruta.
Sem querer, a Melissa encostou-se à parede e fez abrir uma porta secreta.
Do outro lado, estavam trancados o verdadeiro anão Ooopanão e a luva dourada.
- Finalmente encontramos a luva dourada e o verdadeiro anão. – disse a Melissa.
- Agora só nos falta encontrar o ouro para reconstruirmos o arco-íris e dar cor à cidade mágica. - referiu a Raquel.
- Já é tarde, vou é levar-vos para casa! – disse o Ooopanão.
- Como? Temos a saída bloqueada! – disseram o Tiago e o André em coro.
- Mas eu sei de um portão que nos levará para fora da gruta. – tranquilizou os primos o Ooopanão.
De repente abriu-se um portal, em forma de espiral e os primos foram teletransportados.
Encontram-se agora numa casa desabitada, escura, pequenina, toda em madeira e com uma pequena porta por onde entrava a claridade.
Um a um foram transpondo a pequena porta da casa e já no exterior encontraram-se no Largo de S. João, na Praia da Tocha e a casa de onde saíram era um pequeno Palheiro.
As crianças despediram-se da bola de sabão mágica e do anão Ooopanão, mas combinaram encontrarem-se todos, no mesmo sítio, no dia seguinte, para irem à procura do ouro.
Com o desejo de encontrarem o ouro, os primos mal conseguiram dormir naquela noite. Logo que amanheceu, e sempre atentos ao relógio, ansiavam para que chegasse a hora de se levantarem, pois só pensavam em ajudar o anão Ooopanão e verem de novo o arco-íris a brilhar, com as suas bonitas cores.
De repente, Tiago sente alguém a arranhar a porta do seu quarto.
– Quem será? Ah! É a Estrela! - pensa ele. Também ela está ansiosa por mais um passeio. -Já vou Estrela, já vou! – falou o Tiago.
Vestiram-se apressadamente e saíram de casa, em direcção ao Largo de S. João, ansiosos por mais um dia cheio de aventuras. Pouco depois, aparece a bola de sabão mágica com o anão. Todos entraram na Saltitona incluindo a Estrela que também já fazia parte do grupo.
A bola subiu, subiu e, como iam todos entretidos na conversa, não repararam que estavam a atravessar uma nuvem. De repente, ficou tudo muito escuro dentro da bola.
– O que está a acontecer? Ficou noite tão depressa… – perguntou Melissa.
– Então… parece que neste lugar não há sol! – disse Raquel com um pouco de medo.
Subitamente, a Saltitona começa a vibrar e todos caem dentro dela, mas depressa se recompuseram. A bola sente-se transportada para um túnel muito escuro e, ao mesmo tempo fofo.
– Reparem! Este túnel é feito de algodão cinzento! – comenta André um pouco amedrontado.
– Acalmem-se – disse a Saltitona para os tranquilizar, mas também ela com um pouco de medo, pois nunca tinha passado por uma situação semelhante.
– Mas que túnel horrível este que nunca mais acaba! – disse Melissa – Estrelinha, encosta-te bem a mim.
Acaba o túnel e o sol brilha de novo.
Afinal era apenas uma nuvem de chuva. Ainda bem que já passou. – diz Ooopanão
– Olhem! Aquelas árvores lá em baixo tão redondinhas! São tão bonitas! – comenta Raquel.
– São pinheiros mansos. – disse André – Os pinheiros mansos dão-nos os pinhões.
– Nós gostamos muito. – disseram os outros.
– Saltitona! Desce mais um pouco. – pediu o Tiago – Estão a ver o mesmo que eu? Parece que existe alguma coisa lá em baixo a brilhar. Será que é o ouro?
– Vamos descer para ver. – diz Saltitona.
De repente, o vento começou a soprar violentamente, Saltitona não conseguiu resistir o foi levada pelo vento.
– Oh não! O ouro poderia estar ali. – diz Ooopanão.
– E agora, o que fazemos? – perguntou Melissa tentando manter-se de pé.
– O vento está muito forte. A Saltitona não vai conseguir, temos que encontrar um sítio para nos abrigarmos, pelo menos até esta ventania passar. – disse o André.
– Saltitona, tenta descer um pouco e abriga-te debaixo daquela árvore – disse Raquel.
– Conseguiste! – disseram os primos em coro.
– Deveríamos regressar pois o tempo está a piorar e torna-se difícil para a Saltitona. – falou Tiago.
– Podem ficar na minha aldeia. Não é muito longe daqui e sempre nos podemos abrigar um pouco. – disse o anão.
– Não, não! Temos que voltar, pois os nossos avós já devem estar preocupados. – pediu Melissa.
Com um pouco de dificuldade Saltitona levou-os para casa, mas antes combinaram voltar no dia seguinte ao sítio onde tinham visto aquela luz brilhante. Quando chegaram a casa os avós estavam preocupados pois o tempo tinha mudado repentinamente.
– Onde andaram? – questionaram os avós.
– Andámos a tentar encontrar o ouro mas começou a ficar muito vento. – disseram os netos.
– Ah! Muito bem, então vão comer que devem estar com fome e descansem. – responderam os avós.
Comeram com muito apetite, pois todos estavam esfomeados e foram descansar. Sonharam toda a noite com a luz brilhante.
No dia seguinte bem cedo, os quatro, peço desculpa, os cinco, não podemos esquecer a Estrela, foram para o local de encontro. Quando lá chegaram a Saltitona já estava à espera com o Ooopanão.
- Bom-dia, então vamos ver que luz brilhante era aquela? - disse o Tiago.
- Preparem-se que aqui vamos nós! - respondeu a Saltitona.
Dirigiram-se ao local onde tinham visto a luz brilhante. Mas, mais uma vez, tiveram de lutar contra o vento que se fazia sentir.
Saltitona lá conseguiu descer em direcção à luz, mas quando estava quase a aterrar foi empurrada por um forte vento que a afastou do local e a fez poisar mais longe.
Após terem aterrado, a bola estava cansada e os primos assustados.
- E agora como vamos chegar até lá? - perguntou o André.
- Não te preocupes, por alguma razão sou um duende. Sei como ajudar numa situação destas.
Eles tinham visto a luz brilhante mais ou menos na direcção onde nasce o Sol e como estavam no meio da floresta, o duende explicou como se deveriam orientar com a ajuda do Sol.
-Vamos esperar até ao meio-dia! - disse o anão.
-Porquê? - perguntou a Melissa.
- Porque ao meio-dia se nos virarmos para o Sol, este indica-nos o Sul, logo o Este (onde nasce o Sol) fica para o nosso lado esquerdo. Deste modo saberemos a direcção e já poderemos ir.
Ficaram na floresta a descansar e a observar tudo o que ela tem de magnífico.
Quando chegou o meio-dia, puseram-se a caminho do nascer do sol, onde tinham visto a luz.
Mas o anão Ooopalumpa tinha construído várias armadilhas ao longo do caminho, não seria assim tão fácil os nossos amigos conseguirem alcançar a luz brilhante.
À medida que iam avançando na floresta, começaram a aperceber-se de que algo estava errado. Observaram que havia vários montinhos de folhas pelo caminho, o que não era normal.
Experimentaram atirar uma pedra para cima de um monte de folhas na tentativa de ver o que aconteceria.
- Eu lá desconfiava! –disse Ooopanão. É uma armadilha, vejam.
- É um buraco tão fundo! – exclamou a Melissa.
- Se caíssemos seria bem difícil sair – retorquiu o Tiago.
- Bom, mas como nada aconteceu, podemos continuar – disse a Saltitona.
Prosseguiram caminho até que de repente a Estrela começou a ladrar sem parar.
- O que se passa Estrela? – perguntou a Raquel.
Raquel aproximou-se da cadela e viu um fio quase transparente que atravessava o caminho de um lado ao outro.
O Tiago atirou com um ramo na direcção do fio e de uma árvore soltou-se uma enorme rede que por pouco não os apanhou.
- Esta foi por pouco! – suspirou o André.
- Bem, se o percurso está todo armadilhado é porque estamos no caminho certo e a luz que vimos, estou convencido cada vez mais, é o ouro – disse Ooopanão.
- Daqui para a frente temos de ter muita cautela – alertou o Tiago.
Os nossos amigos continuaram o seu caminho sempre à alerta, quando num impulso a Melissa gritou:
- Cuidado! Parem todos!
- O que foi? – perguntou o André.
- Observem a ponte que atravessa o rio!
- Grande poder de observação, Melissa. A ponte foi destruída na outra margem – disse Ooopanão.
- E agora? Como vamos atravessar? – preguntou a Raquel.
- Olhem para ali! – disse o André.
- O que tem? – perguntou o Tiago.
- Vêem aquela árvore caída? Se conseguíssemos colocá-la sobre o rio de modo a fazer uma ponte, já teríamos uma hipótese de atravessar.
- Mas nós não temos força para fazer uma coisa dessas! – disse a Melissa.
- Pois não, mas eu posso. Sou um duende e com um pouco de magia consigo colocar o tronco no lugar certo.
Ooopanão balbuciou umas palavras mágicas quaisquer, que ninguém percebeu, e o tronco elevou-se no ar e ficou colocado sobre o rio de modo a fazer uma ponte.
- Boa. Toca a atravessar! – disseram todos em coro.
Prosseguiram caminho até que ficaram pasmados a observar uma luz intensa que surgia no meio de uns arbustos.
- Será… será… será o ouro do pote mágico das cores do arco-íris? – gaguejou a Raquel.
-Vamos ver! – disse o André.
Correram até ao local e para espanto de todos lá estava o ouro.
Ooopanão, que era o verdadeiro guardião do ouro, apressou-se a metê-lo de novo dentro do pote.
- Vamos Satitona, leva-nos até à cidade mágica. Rápido! – exclamou o anão.
Entraram na bola mágica e dirigiram-se à cidade do arco-íris.
Ooopanão colocou o pote no seu devido lugar e num abrir e fechar de olhos a cidade voltou a ter cor e o arco-íris brilhou novamente no céu.
- Agora sim, voltou tudo ao normal! – suspirou a Raquel.
-Obrigado a todos. Sem a vossa ajuda nunca teria conseguido descobrir o ouro! – disse o anão.
- Foi uma grande aventura. Bom, mas agora está na hora de regressar a casa. Os nossos avós devem estar preocupados – disse a Melissa.
- Vamos que rapidamente vos deixo em casa – disse a Saltitona.
E num abrir e fechar de olhos já estavam no terraço da casa dos avós.
- Adeus Saltitona. Será que algum dia nos voltaremos a encontrar? – perguntou o André.
-Talvez, se no próximo ano voltarem, quem sabe se não viveremos outra aventura? Adeus a todos.
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Sugestões de títulos na secção ao lado deste Blogue.
Vota num dos títulos que achas mais adequado a esta história.
Se tiveres outras ideias, deixa-as no comentário ou envia a tua sugestão para biblosblogue@gmail.com .
(data limite para votação / envio de sugestões: 30/04/2009)

3 comentários:

Anónimo disse...

Esta é, sem dúvida, uma iniciativa digna de elogio, pois a história final resulta dos contributos maiores ou menores de todos nós: alunos, professores, biblioteca escolar ...
Parabéns a todos!

Lenusca disse...

Parabéns aos pequenos escritores que acabam de provar que imaginar é possível! AGora vamos fazer da imaginação a realidade e tentar a publicação do livro!
VAmos entrar na Saltitona e sonhar...

Toch4 - 2ºano disse...

A nossa turma gostou da História de Todos Nós, e muito mais de participar nela com os nossos desenhos. Alguns até foram escolhidos para a sua ilustração. Também participámos na escolha do título e ganhou o nosso preferido!
Agora estamos todos ansiosos por ver e ter o livro para ler.
Assim se aprende a sonhar!...